A Cárie, termo que deriva do latim carie que significa “material podre”, é uma patologia multifactorial que afecta maior parte da população mundial, e em alguns países com uma incidência acima dos 95%. É uma patologia com 500 000 anos de idade como se verificou em achados arqueológicos.

Dr. Olívio Dias

Cárie Dentária

O que é?

Com registos de estudos desde 1683, é uma doença infecciosa oportunista de origem microbiana, directamente influenciada pela dieta em Hidratos de carbono, açúcares e pela acção dos componentes salivares. Consiste num amolecimento da estrutura dentária evoluindo para formação de cavidades, cárie propriamente dita. A cárie pode-se desenvolver em superfícies lisa do dente, nas fissuras, na raiz e em dentina profunda.

É de ressalvar que mesmo sem a ingestão de Hidratos de carbono não fermentáveis a placa bacteriana pode-se desenvolver igualmente pois as bactérias contêm nutrientes de reserva, isto é, a higiene oral deve ser executada independentemente do tipo de alimentação.

De acordo com diversos investigadores científicos a placa bacteriana por si só não desenvolve cárie, tal como se verifica que há depósitos de placa bacterianas que não progridem cárie por ser uma zona de constante contacto com a saliva. Para que as bactérias desenvolvam cárie há que estar em zonas de estagnação que favoreçam o crescimento bacteriano. A cárie é uma patologia desencadeada por vários factores sendo por isso classificada como multifactorial, isto é, várias condições provocam uma cárie, desde o PH salivar, que sendo mais baixo, mais ácido, facilita o aparecimento de cáries, como densidade da mineralização do dente, por exemplo, pessoas com problemas de refluxo gástrico, diminuição do fluxo salivar ou submetidas a tratamentos de quimio ou radioterapia, têm risco acrescido de desenvolvimento de cáries, por fragilidade geral da estrutura dentária.

 

Desenvolvimento

As bactérias que se encontram na flora Oral, mais precisamente Estreptococos, utilizam, por um processo tipo fermentação, os restos de alimentos na boca, aderidos aos dentes transformando-se em ácidos, entre eles ácido láctico, acético, butírico, propiónico etc… estes vão dissolvendo a superfície dentária formando cavidades, neste caso cáries, que progridem em profundidade, primeiro atinge o esmalte, camada mais externa do dente, depois dentina, seguidamente pode formar pulpomas e abcessos à medida que se vai aprofundando a sua progressão e atinge o nervo, até provocar necrose e abcesso.

Os ácidos resultantes da fermentação bacteriana desencadeiam um processo de desmineralização e dissolução dos cristais de Hidroxiapatite, constituinte mineral do dente, que só é suspendido através da higiene oral adequada com produtos tópicos fluoretados associados a cálcio e xilitol, ou com remoção mecânica da lesão de cárie e respectiva obturação por um Médico Dentista.

 

Tratamentos

A Higiene Oral com escovagem eficaz e utilização de produtos com flúor, nomeadamente dentífrico com uma concentração mínima de 1450ppm de flúor, ou Elixir fluoretado com xilitol, consegue suspender ou evitar o aparecimento de cárie dentária pois perante a presença destes componentes as bactérias são inibidas.

 

Considerações

 Há também inevitavelmente um conjunto de factores gerais ou sistémicos que predispõem o indivíduo para a cárie, desde factores hereditários, cujos biotipo constitucional que, segundo observações clinicas, confere maior ou menor resistência à cárie. Factores Nutricionais, as reservas minerais e vitamínicas, em caso de insuficiência, predispõem para aumento de incidência de cáries, vejamos o caso do cálcio e do fósforo que contribuem para a formação dos cristais de Hidroxiapatite do esmalte e da dentina, que calcificam e endurecem a estrutura dentária.

São também os factores hormonais, como por exemplo, tiroideia para a qualidade da estrutura dentária, a hipofisária ara formação do dente e até mesmo a insulina, que regula a glicémia, que em caso de descompensação, tendo uma glicémia elevada no sangue vai alterar o equilíbrio cálcio-fósforo, do esmalte e dentina, predispondo os dentes para a cárie.

Diagnóstico

É fundamental ressalvar a importância de um diagnóstico precoce, pois a cárie sendo incipiente, apresenta-se como uma mancha esbranquiçada que pode, nesta fase muito inicial, permitir o tratamento por remineralização.